ATRIBUIÇÕES DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
Lidia Maria Kroth
Até que ponto estará o Orientador realmente consciente do seu papel, dos seus direitos e dever?
A
consciência de si, e da realidade concreta que o cerca, o conhecimento
de seu papel frente a esta realidade, vão dar validade e significação à
história do
homem.
No entanto, o homem nasce dentro de um mundo já interpretado e criado.
Este fato propicia certa alienação e despreocupação com a análise e
reflexão deste mundo.
Segundo Heloisa Lück (1982), “o homem se torna acrítico, mais receptor que transmissor, mais paciente que
agente.
É necessário interferir neste contexto. Sendo assim, cabe à educação,
estimular e promover a formação da consciência, ou seja, estabelecimento
de identidade pessoal do homem e compreensão de seu relacionamento com o
mundo. Este processo não pode ser considerado acabado e sim entendido
como dinâmico e um constante “dever ser”. Deve despojar-se de
preconceitos e subjetividade. “
A autora cita alguns elementos que interferem na formação da consciência:
-
intencionalidade – predisposição do indivíduo de compreender, interpretar e explicar os fatos;
-
capacidade perceptiva – quanto mais adequada e objetiva for a capacidade de percepção, maior será a
correspondência da consciência com o fato real;
-
operações mentais – determinam a superioridade, flexibilidade e nível de conscientização;
-
historicidade e temporalidade – estabelecem o espírito da consciência e do ato consciente;
-
julgamento moral – os
valores formam parte primordial da consciência que a pessoa elabora de si e do seu mundo.
Mosquera (1978) afirma que “a vida autêntica inicia quando nos
negamos a permanecer na alienação e na desumanização e caminhamos rumo a
uma vida consciente, autêntica e mais humana. O processo educativo deve
ter como função primordial à formação da consciência do indivíduo,
entendida como conscientização do homem enquanto homem e não orientado
por uma ideologia política. Não se trata de doutrinação, mas sim ensinar
a pensar e não, o que pensar. Deve possibilitar ao homem aumento de sua
capacidade e liberdade de escolha.”
Conforme as citações acima, o
homem tendo uma maior consciência de si torna-se um ser crítico,
atuante e transformador do mundo que o cerca sendo importante a
observação de tudo o que está ao ser redor.
Algumas vezes a atuação
do Orientador Educacional é comprometida pela imagem formada ao longo
dos anos. Isto se torna mais sério quando se sabe que a consciência de
si não é feita isoladamente, mas através de relações. Por outro lado, o
Orientador deve ter o cuidado de não ser o doutrinador, no sentido de
determinar a consciência crítica dos alunos.
O sentimento de
identidade do homem inicia quando ele concebe o mundo exterior como
coisa separada e independente dele, quando começa a tomar consciência de
si mesmo, como sujeito de suas ações, quando é capaz de dizer, EU SOU.
Referindo-se
ao papel do Orientador Educacional, Alzira Tenfen da Silva (1981),
relaciona, a partir da posição de diversos autores, alguns dos papéis a
ele atribuídos, tais como:
- Especialista – prioridade ao aconselhamento psicopedagógico.
- Generalista – orientação de grupo, registro de alunos, sessões de
aula, aplicação de testes, organização de classes, fichas cumulativas,
etc.
- Monitor – orientação centrada no aluno.
- Assessor – orientação centrada no contexto.
- Consultor e assessor – assessoramento de pessoas e pequenos grupos, consultando professores, diretores, pais e outros.
- Agente de mudança – revisão crítica.
- Profissional de ajuda – ajuda, assessoramento.
- Catalizador – o indivíduo realizando seu próprio papel.
- Conselheiro e guia pessoal do aluno.
- Agente de informações sobre oportunidades educacionais e ocupacionais.
- Orientador da vocação do aluno.
- Mediador entre comunidade escolar e familiar.
- Membro do grupo profissional.
A identidade do Orientador Educacional como um profissional e o
seu posicionamento frente à vida são fatores que caracterizam o
desencadeamento do processo de Orientação.
Se toda identificação
profissional pressupõe reforço de valoração, supõe-se que o Orientador
Educacional vivencie valores pessoais na sua atuação. Crenças, valores,
atitudes da pessoa, ao serem associados com elementos comportamentais
comuns a uma determinada profissão, delineiam um perfil profissional.
Na
medida em que houver maior coerência entre os valores pessoais e
expectativas sociais, a identidade profissional é mais consciente. Neste
sentido, quanto mais clara e precisa a definição das metas da
profissão, mais objetivo e definido será o desempenho deste
profissional.
O Orientador Educacional, por sua vez, está
confuso. Talvez essa confusão se deva às razões históricas de seu
surgimento ou razões funcionais pelo fato de sua classe ser considerada
uma subclasse dentro da classe maior do magistério, gerando assim
conflitos de papéis.
Dá-se o conflito de papéis quando o Orientador
Educacional não consegue realizar o que é de sua competência e realiza
atividades incompatíveis com sua formação.
O posicionamento do
Orientador Educacional deve incluir uma ética profissional, debatendo
questões práticas, capazes de suscitar-lhe operações de pensamento que o
desafiam e levam à reflexão e à pesquisa em busca de uma autêntica
identidade apoiada em valores significativos.
Diversas experiências
auxiliam no levantamento desta hipótese e acredita-se que o espaço
existe, basta que os profissionais se disponham realmente. Cabe
enfatizar que o desempenho do papel do educador faz com que sua proposta
seja, efetivamente, na educação.
Em toda a ação do Orientador
Educacional é necessária uma reflexão contínua sobre a realidade que o
cerca, possibilitando-lhe um posicionamento profissional mais adequado.
Ter sempre presente em suas atividades os princípios que servem de
suporte ao processo de orientação, levando-o a uma ação mais consistente
e coerente.
O Orientador Educacional, muitas vezes, não tem
condições de realizar todas as tarefas que lhes são pertinentes,
correndo o risco de tornar-se generalista, ou de esvaziar sua ação, a
ponto de torná-la irrelevante na escola.
De acordo com Saviani
(1980), “... a especialidade no campo educacional, como toda
especialidade, só faz sentido na medida em que a área básica não seja
perdida de vista... a especificidade da Orientação Educacional é
apenas... a divisão no plano de educação...”.
Orientadores Educacionais são antes de tudo, educadores, e a finalidade de toda e qualquer ação orientadora é educativa.
Se
a escola é uma instituição que tem por finalidade ensinar bem à
totalidade dos alunos que a procuram, Orientador Educacional têm por
função fundamental mobilizar os diferentes saberes dos profissionais que
atuam na escola, para que a escola cumpra a sua função: que os alunos
aprendam.
Partindo da condição comum de educadores, cada um
desempenha tarefas específicas, capacitado pela habilitação específica,
cujo sentido é dado pelos fins comuns.
A investigação sobre a
realidade vivencial do aluno e sua percepção desta realidade deve ser o
ponto de partida e o fio condutor do processo pedagógico.
O
Orientador Educacional que, através da investigação sobre a realidade,
percebe que no processo de ensino-aprendizagem estão em jogo inúmeras
relações, compreende que as relações na escola não são um fim em si
mesmo, mas meio para que o aluno aprenda e amplie o seu conhecimento
sobre “relações de ajuda”, passando a trabalhar as diferentes relações,
que podem influenciar para que o aluno aprenda.
O desenvolvimento
de uma concepção crítica de educação comprometida com a realidade
social e com sua transformação não prescinde do planejamento. Planejar
envolve, em sua base, compreender a realidade em todos os seus
desdobramentos, tanto de tempo, quanto de espaço.
Segundo Heloísa
Lück (1991), “Planejar a Orientação Educacional implica delinear o seu
sentido, os seus rumos, a sua abrangência e as perspectivas de sua
atuação. Vale dizer que esse planejamento envolve antes de tudo, uma
visão global sobre a natureza da Educação, da Orientação Educacional e
de suas possibilidades de ação”.
Durante a década de 80, o
sentido da Educação e da Orientação Educacional foi questionado, a tal
ponto que grande parte das obras publicadas na área evidenciaram um
resultado muito maior de menosprezo ao papel da escola como agente de
Educação e de estabelecimento da anti-orientação educacional do que de
explicitar sua natureza e configurar as possibilidades de sua atuação.
Na
definição da anti-orientação, o que se observou foi a construção de uma
visão negativa e de uma generalizada atitude de desconsideração a tudo
quanto o orientador educacional realizava nas escolas e a tudo quanto
era definido na literatura a respeito. Assim, as funções da Orientação
Educacional passaram a ser condenadas por serem vistas como tecnicistas,
simplistas e limitadas em sua visão e alcance.
De fato, as ações
da área tinham horizontes limitados e necessitavam de revisão que
viesse a dar à Orientação Educacional um sentido diferente, mais
comprometido com a escola com um todo e com a realidade social do aluno.
Como resultado, a Orientação Educacional ganhou um discurso político
para direcionar seu trabalho, mas perdeu a força da ação.
É importante, ter em mente, que de nada valem as boas idéias, se não vierem a revestir ações que as ponham em prática.
A
Orientação Educacional tem certas funções (ações) clássicas a serem
desempenhadas no contexto pedagógico em que estejam inseridas, funções
essas cujo sentido não é estático, mas sim, transforma-se continuamente,
em razão da interação múltipla de variados fatores, que ocorre no
processo dinâmico da prática social pedagógica.
Funções e Atribuições do Orientador Educacional
Educação InfantilA Orientação Educacional na Pré-Escola é muito importante no contexto escolar pelo papel que exerce junto à comunidade escolar.
Oportuniza
a visão criativa do profissional, na conscientização dos pais no dever
de participar ativamente nas atividades escolares.
Desperta nos educadores, pais e professores, a necessidade da observação em todos os momentos da vida da criança.
Sugere
programa de ação integrada entre pais, professores, orientadores
educacionais que fortaleça a responsabilidade de todos na ação conjunta
da educação.
Ensino FundamentalA Orientação
Educacional no Ensino Fundamental tem duas tarefas distintas a executar.
São elas: uma correspondente as quatro primeiras séries e a outra, às
quatro últimas séries.
As atribuições do Orientador Educacional no Ensino Fundamental são:
•Desenvolver junto ao educando, crianças que, são um trabalho de adaptação dos mesmos no ambiente escolar;
•Desenvolver nos educandos, atitudes de otimismo e admiração com o mundo que os cerca;
•Propiciar atividades que favoreça a socialização, a confiança em si e nos outros, a iniciativa e a criatividade dos educandos;
•Deve
dirigir as vistas dos educandos para os horizontes do mundo, para que
descubram, com encanto, o próximo, em movimento de distanciamento dos
dois centros que são o lar e a escola;
•Habituá-los a viver e a
conviver no ambiente escolar para que no mesmo se ajustem e melhor
revejam suas potencialidades, a fim de melhor serem atendidos e
orientados;
•Observar os educandos quanto às suas peculiaridades de comportamento e temperamento, com a cooperação dos professores;
•Nas
últimas quartas séries de Ensino Fundamental, o Orientador deve
dedicar-se com mais afinco à exploração e desenvolvimento das aptidões e
preferências do educando. Vê-se, então, a necessidade de se
intensificar o funcionamento das atividades extras-classes, bem como as
oportunidades de visitas, excursões e estágios, para que aptidões e
preferências tenham mais oportunidades de se manifestarem e se
desenvolverem;
•Revelar profissionalmente, o mundo do trabalho, uma vez que o educando, deva fazer a opção de curso profissionalizante;
•Cuidados
que fazem necessários como a educação sexual e a formação moral, pois
existe o advento da crise pubertária e o despertar do espírito crítico.
Ensino Médio
O
Ensino Médio tem por objetivo proporcionar ao educando a formação
necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades com elementos de
auto-realização, preparação para o trabalho e o exercício consciente da
cidadania.
Preocupa-se em esclarecer quanto à formação profissional,
além, da incumbência de melhor orientar o jovem numa formação
profissional.
Tem a preocupação de orientar quanto às aptidões, tipos de profissões para os níveis técnicos ou universitários.
As atribuições do Orientador Educacional no Ensino Médio são:•Realizar serviço integrado com o Serviço de Supervisão Escolar, visando o acompanhamento do rendimento escolar do aluno;
•Participar dos Conselhos de Classe dando aconselhamento psicopedagógico oferecendo e coletando informações;
•Propor atividades que favoreçam as relações interpessoais, aluno x professor e aluno x aluno e demais elementos da escola;
•Participar da elaboração do Plano do SOE e do Plano da Escola;
•Participar do critério para a constituição de turmas;
•Selecionar atividades e desenvolvê-las atendendo as necessidades dos alunos para melhor conhecimento de si e do grupo;
•Participar da compatibilização do Regimento Interno com a Legislação e Diretrizes propostas pelo currículo;
•Participar das atividades de sondagem para a elaboração do diagnóstico da população escolar e da comunidade;
•Participar da avaliação interna da Escola e do Serviço;
•Manter atualizado o dossiê do aluno;
•Assistir ao aluno individualmente ou em grupo em sessões programadas e sistemáticas;
•Programar e coordenar atividades de informação profissional, envolvendo professores, família e comunidade;
•Promover e/ou participar de reuniões e/ou sessões de estudo com professores;
•Manter-se informado sobre as necessidades do mercado de trabalho;
•Participar e acompanhar a execução de projetos e atividades especiais desenvolvidas na escola, oriundos de órgãos superiores;
•Manter-se atualizado em assuntos educacionais.
Aspectos Legais do Orientador Educacional no Contexto Educacional A
Orientação Educacional no Brasil nem sempre aconteceu de forma
sistemática na escola. Encontra-se suas raízes na Lei Orgânica do Ensino
Industrial de 30 de janeiro de 1942 e no Decreto Lei nº 4244 de 04 de
abril de 1942 que estabelece as diretrizes para a Orientação Educacional
como função de encaminhar os alunos nos estudos e na escolha da
profissão, sempre em entendimento com sua família. Porém, em seu artigo
50, a Orientação Educacional é concebida como um processo de adaptação
do sujeito ao meio visando os problemas dos alunos, seus desvios que
perturbam a vida da escola.
Com o passar dos anos, o Orientador
Educacional continuou a dirigir sua atenção ao aluno “irregular”, tendo
que, “corrigir, encaminhar, isto é, adaptar o aluno a rotina da escola,
ao invés de dirigir a sua ação ao processo integral de desenvolvimento
da atividade educativa. Desta forma, se efetivava as intenções do
Decreto Lei nº 4073/42 que reduz as funções da Orientação Educacional às
atividades isoladas do contexto da escola, reduzindo-a a um veículo
escolar repudiado por alunos e professores.”
Em dezembro de 1968, em
Brasília, foi aprovada a Lei nº 5564 que provê sobre o exercício da
profissão do Orientador Educacional. A promulgação da Lei em 21 de
dezembro de 1968 significou um avanço na definição e profissionalização
do Orientador Educacional.
Até a década de 70, em todo nosso
país, a Orientação Educacional se apoiou num referencial basicamente
psicológico reforçando a ideologia de aptidões.
Com a Lei 5692/71, a
Orientação Educacional passa a ser obrigatória no Ensino de 1º e 2º
graus, para atender o objetivo de “qualificação para o trabalho” e de
“sondagem de aptidões”. O artigo 10 refere-se: “Será instituída
obrigatoriedade a Orientação Educacional nas escolas, incluindo
Aconselhamento Vocacional, em cooperação com os professores, a família e
a comunidade”.
A partir das determinações desta lei, a
Orientação Educacional desenvolve a sua prática nas escolas, baseada no
autoconhecimento, nas relações pessoais, sondagem de aptidões e
interesses, informações sobre as profissões e mercado de trabalho. As
técnicas de aconselhamento, entrevistas, aplicação de testes, inventário
de interesses, sociogramas, atendimentos a problemas disciplinares
pautam a ação cotidiana do Orientador Educacional.
Portanto, em 26
de setembro de 1973, é assinado o Decreto nº 72.846 regulamentando a Lei
nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968 que provê sobre o exercício da
profissão de Orientador Educacional.
DECRETO Nº 72.826 – DE 26 DE SETEMBRO DE 1973O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 81, item III da Constituição, decreta:
Art.
1º - Constitui o objeto da Orientação Educacional a assistência ao
educando, individualmente ou em grupo, no âmbito do ensino de 1º e 2º
graus, visando o desenvolvimento integral e harmonioso de sua
personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem
influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções
básicas.
Art. 2º - O exercício da profissão de Orientador Educacional é privativo:
I
– Dos licenciados em Pedagogia, habilitados em Orientação Educacional,
possuidores de diplomas expedidos por estabelecimentos de ensino
superior oficiais ou reconhecidos.
II – Dos portadores de diplomas ou
certificados de Orientador Educacional obtidos em cursos de
pós-graduação, ministrados por estabelecimentos oficiais ou
reconhecidos, devidamente credenciados pelo Conselho Federal de
Educação.
III – Dos diplomados em Orientação Educacional por escolas
estrangeiras, cujos títulos sejam revalidados na forma da lei em vigor.
Art. 3º - É assegurado ainda o direito de exercer a profissão de Orientador Educacional:
I
– Aos formandos que tenham ingressado no curso antes da vigência da Lei
nº 5692/71, na forma do art. 63, da Lei nº 4024, de 20 de setembro de
1961, até a 4ª série do ensino de 1º e 2º graus.
II – Aos formandos
que tenham ingressado no curso antes da vigência da Lei nº 5692/71, na
forma do art. 64, da Lei 4024, de 20 de setembro de 1961, até a 4ª série
do ensino de 1º grau.
Art. 4º - Os profissionais de que tratam os
artigos anteriores, somente poderão exercer a profissão após satisfazer
os seguintes requisitos:
I – Registro dos diplomas ou certificados no Ministério da Educação e Cultura.
II – Registro profissional no órgão competente do Ministério da Educação e Cultura.
Art.
5º - A profissão de Orientador Educacional, observadas as condições
previstas neste regulamento, se exerce, na órbita pública ou privada,
por meio de planejamento, coordenação, supervisão, execução,
aconselhamento e acompanhamento relativo às atividades de Orientação
Educacional, bem como por meio de estudos, pesquisas, análises,
pareceres compreendidos no seu campo profissional.
Art. 6º - Os
documentos referentes ao campo de ação profissional de que trata o
artigo anterior só terão validade quando assinados por Orientador
Educacional, devidamente registrado na forma desse regulamento.
Art.
7º - É obrigatório à citação do número de registro de Orientação
Educacional em todos os documentos que levam sua assinatura.
Art. 8º - São atribuições privativas do Orientador Educacional:
a) Planejar e coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional em nível de:
- Escola
- Comunidade
b) Planejar
e coordenar a implantação do Serviço de Orientação Educacional dos
órgãos do Serviço Público Federal, Estadual, Municipal e Autárquico; das
Sociedades de Economia Mista, Empresas Estatais, Paraestatais e
Privadas.
c) Coordenar a orientação vocacional do educando, incorporando-o ao processo educativo global.
d) Coordenar o processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando.
e) Coordenar o processo de informação profissional e educacional com vistas à orientação vocacional.
f) Sistematizar o processo de intercâmbio das informações necessárias ao conhecimento global do educando.
g) Sistematizar
o processo de acompanhamento dos alunos, encaminhando a outros
especialistas aqueles que exigirem assistência especial.
h) Coordenar o acompanhamento pós-escolar.
i) Ministrar
disciplinas de Teoria e Prática da Orientação Educacional, satisfeitas
as exigências da legislação específica de ensino.
j) Supervisionar estágios na área da Orientação Educacional.
k) Emitir pareceres sobre matéria concernente à Orientação Educacional.
Art. 9º - Competem, ainda, ao Orientador Educacional as seguintes atribuições:
a) Participar no processo de identificação das características básicas da comunidade.
b) Participar no processo de caracterização da clientela escolar;
c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno da escola;
d) Participar na composição, caracterização e acompanhamento de turmas e grupos;
e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos;
f) Participar do processo de encaminhamento e acompanhamento dos alunos estagiários;
g) Participar no processo de integração escola-família-comunidade;
h) Realizar estudos e pesquisas na área da Orientação Educacional.
Art.
10º - No preenchimento de cargos públicos, para os quais se faz mister
qualificação de Orientador Educacional, requer-se, como condição
essencial, que os candidatos hajam satisfeito, previamente, as
exigências da Lei nº 5564, de 21 de dezembro de 1968 e deste
regulamento.
Art. 11º - Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
(D.O. U. de 27-9-1973)
A Lei 9394/96 mantém as propostas anteriores”.
Princípios e Objetivos da Orientação EducacionalVer
o educando em sua realidade bio-psico-social, com todo o respeito e
consideração, a fim de que, a partir dessa realidade, se possa erigir
uma personalidade ajustada, segura de si e compreensiva.
Em reforço ao primeiro princípio, respeitar o educando em sua realidade, qualquer que ela seja.
Realizar
trabalho de orientação, sem criar dependências, mas orientar para a
autoconfiança, independência, autonomia e cooperação.
Em se querendo
que o educando seja independente e respeitador, sensibilizá-lo para a
necessidade de também respeitar os seus semelhantes.
O trabalho de
Orientação exige o maior número possível de informes a respeito do
educando, o que deve ser diligenciado por todos os meios.
Assistir todos os educandos, desde os mais aos menos carentes, bem como os que não revelarem carências.
Dar
ênfase aos aspectos preventivos do comportamento humano, uma vez que é
muito mais fácil evitar um acidente do que se recuperar do mesmo. Este
princípio guarda analogia com outro de natureza médica e que diz: “um
grama de prevenção vale mais que uma tonelada de curas”. Assim, o ideal
será a Orientação Educacional agir, preferencialmente, de maneira
profilática do que curativa.
Estabelecer um clima de confiança e
respeito mútuo, incentivando a procura espontânea do Serviço de
Orientação Educacional, logo que a dificuldade ou uma dúvida surja na
vida do educando, antes que a mesma tome vulto e desoriente.
Procurar
envolver todas as pessoas com o processo de educação, como diretor,
professores, pais, serventes, etc., para que todos cooperem com a
Orientação Educacional, no sentido de ajudá-la a melhor ajudar o
educando.
A Orientação Educacional deve ter muito cuidado em formular
juízos a respeito do educando, não esquecendo que este é um ser em
evolução, em marcha para a maturidade e que uma série de fatores pode
estar influenciando-o para que ocorra o comportamento anormal que tem
apresentado.
A Orientação Educacional deve ser levada a efeito como
um processo contínuo e não como ação esporádica dos momentos em que
faltarem professores ou que surgirem dificuldades maiores. Deve ser
trabalho planejado para todo o ano letivo, sem aquelas características
de tapa-buraco.
A Orientação Educacional tem de trabalhar em estreito
entendimento com a direção. Jamais em sentido de subserviência ou
petulância, mas em sentido de cooperação, compreensão e respeito mútuo.
A
Orientação Educacional não deve se envolver em pequenas questões entre
educandos e professores. Ocorrências conflitivas de pouca intensidade
são, até certo ponto, naturais. Assim, problemas que não ultrapassem
certos limites devem ser deixados para que os próprios professores os
resolvam.
A Orientação Educacional deve agir, também, como órgão de
estudo e de pesquisa de medidas que levem à superação de dificuldades de
natureza disciplinar, não devendo, porém nunca, funcionar como “órgão
disciplinador”. Deve, sim, agir como órgão que leve todos a tomarem
consciência do grave problema da disciplina, que está inutilizando o
trabalho de muitas escolas.
Ressaltar que a Orientação Educacional
precisa dar muita atenção ao serviço de anotações, que deve ser o mais
perfeito possível, a fim de que dados a respeito de um educando estejam
sempre a mão e atualizados.
A Orientação Educacional deve estar
aberta para a realidade comunitária, a fim de que o seu trabalho esteja
articulado com o meio, para melhor ajudar o educando a integrar-se no
mesmo.
A Orientação Educacional deve esforçar-se para criar na
escola um clima de comunidade e sensibilizar a todos, quanto à
necessidade de que cooperem em suas atividades, com entusiasmo, respeito
e solidariedade.
A Orientação Educacional não deve esquecer-se
de estimular ao máximo a iniciativa do educando, principalmente, através
de atividades extraclasse, empenhando-a na realização com verdadeiro
engajamento, que ajudará na explicitação de suas virtualidades, na
conquista da autoconfiança e na revelação de suas capacidades de
liderança.
Objetivos da Orientação Educacional
Orientar o educando em seus estudos, a fim de que os mesmos sejam mais proveitosos.
Como
complementação do primeiro objetivo, ensinar a estudar. É
impressionante a quantidade de educandos de todos os níveis que se
perdem nas obrigações escolares por não saberem estudar, com desperdício
de tempo e energia.
Este objetivo é dos mais importantes e cuja
efetivação deveria ter início no Ensino Fundamental e continuar por
todos os níveis de ensino. Ensinando o educando a estudar em função do
nível de ensino que estivesse cursando, pois muitos fracassos escolares
são devido ao fato do educando não saber estudar, com desperdício de
tempo e esforço, conduzindo, o educando a abandonar os estudos. Assim, é
importante, que desde o início da escolaridade intelectual, a
Orientação Educacional ensine o educando a estudar, através de sessões
destinadas a todos os educandos de uma classe.
Discriminar aptidões e aspirações do educando, a fim de melhor orientá-lo para a sua plena realização.
Auxiliar o educando quanto ao seu autoconhecimento, à sua vida intelectual e à sua vida emocional.
Orientar
para o melhor ajustamento na escola, no lar e na vida social em geral. É
fundamental a interação entre educando e professor, educando e seus
colegas, bem como educando e sua família. É importante, também, que o
educando saiba manter um comportamento adequado nas atividades fora da
escola e do lar.
Formar o cidadão que alimente dentro de si um
sentimento de fraternidade universal, capaz de fazê-lo sentir-se irmão,
companheiro e amigo de seu semelhante em todas as circunstâncias da
vida.
Trabalhar para a obtenção de um melhor cidadão, por parte
do educando, para que este seja um membro integrado, dinâmico e
renovador no seio da sociedade. Enfim, desenvolver ação para que se
obtenha o cidadão consciente, eficiente e responsável.
Levar a
efeito melhor entrosamento entre escola e educando, com benefícios
compensadores quanto à disciplina, formação do cidadão e rendimento
escolar.
Prestar assistência ao educando nas dificuldades em seus
estudos ou relacionamento com professores, colegas, pais ou demais
pessoas.
Levar cada educando a explicar e desenvolver suas virtualidades.
Prevenir
o educando com relação a possíveis desajustes sociais, que sempre estão
eclodindo na sociedade, como fruto de uma dinâmica negativa de
desagregação social.
Possibilitar aos professores melhor
conhecimento dos educandos, oferecendo, assim, maiores probabilidades de
entrosamento positivo entre ambos e mais adequada ação didática por
parte dos professores, a fim de ser obtido maior rendimento escolar.
Sensibilizar,
de forma crescente, professores, administradores e demais pessoas que
trabalham na escola, para que queiram melhorar suas perspectivas
atuações, visando à melhor formação do educando.
Realizar
trabalho de aproximação da escola com a comunidade, a fim de
proporcionar ao educando maiores oportunidades de conhecimento do meio e
desenvolvimento comportamental de cidadão participante.
Favorecer
a educação religiosa, com suas perspectivas transcendentais, mas
desvinculada do compromisso sócio-ideológico... O bem que a religião
infunde pode levar a efeito, na busca da melhoria do funcionamento de
qualquer regime, sem apelos ao ódio e destruição.
Trazer a família para cooperar de maneira mais esclarecida, eficiente e positivista na vida do educando.
Proporcionar vivências que sensibilize o educando para os valores que se deseja incorporar no seu comportamento.
Trabalhar
para instaurar na escola um ambiente de alegria, satisfação e confiança
para que se estabeleça um clima descontraído, evitando os temores,
frustrações e humilhações.
Incentivar práticas de higiene física e
mental, procurando conscientizar o educando em relação à importância e
valor da saúde, que pode ser cuidada e preservada individualmente,
educando por educando.
Desenvolver admiração e respeito pela natureza, evitando depredá-la em quaisquer de seus aspectos: paisagem, fauna e flora.
Desenvolver
atividades de lazer, podendo, algumas delas, em caso de necessidade,
transformar-se em atividades profissionais. Neste particular, orientar o
emprego adequado e higiênico de horas de folga.
Trabalhar para
uma adequada formação moral do educando, imbuindo-o de valores éticos
necessários para uma vida digna, humana e coerente, em que o respeito ao
próximo deve ser o motivo principal.
Favorecer a educação social
e cívica do educando, sensibilizando-o para a cooperação social e
deveres comunitários. Neste particular, incentivá-lo para a melhoria da
estrutura e funcionamento da vida social, sem a marca de destruição,
alertando-o, pois em relação a certos movimentos de fundo comunitário
que pregam, em nome do bem, o ódio, a morte, a violência e a destruição.
Comparação das Teorias de Desenvolvimento
Segundo a teoria de Piaget os quatro principais estágios de
desenvolvimento humano são: sensório-motor – até aos dezoito meses,
pré-operacional – dos dezoito meses aos sete anos, operações concretas –
sete anos à adolescência e as operações abstratas – adolescência.
Na
fase das operações concretas é a aplicação de princípios lógicos
básicos ao domínio das experiências e eventos concretos não permitindo a
interferência de suas percepções. Seus processos lógicos de pensamento
organizam-se gradualmente numa rede cada vez mais complexa e integrada
através da qual confronta e responde sistematicamente ao mundo que o
cerca.
Em relação às operações formais o grande progresso que
caracteriza o pensamento do adolescente e tem seu início aproximadamente
aos 11-12 anos, mas provavelmente não alcance seu ponto de equilíbrio
antes dos 14-15 anos consiste na possibilidade de manipular idéias em si
mesmas, não mais em manipular simplesmente objetos.
A partir deste
momento o jovem adolescente pode utilizar hipóteses, experimentar, fazer
deduções e raciocinar do particular para o geral.
A diferença
entre a fase de operações formais e a fase de operações concretas é que,
na última as afirmações sobre o ambiente são baseadas nas relações
entre objetos ou classes de objetos, enquanto na primeira o adolescente
pode chegar a novas possibilidades através da combinação do previamente
conhecido com o que é concluído.
Lewis atribui alguns aspectos
importantes para o desenvolvimento da criança em idade escolar que são:
maturação, lateralidade, desenvolvimento da personalidade, latência,
relacionamento com os companheiros, preparação social, desenvolvimento
cognitivo, etc.
Segundo Lewis “Algo acontece nitidamente no
desenvolvimento da criança entre os seis e os onze anos de idade que
sugere que tanto alguns aspectos quantitativos como qualitativos se
consolidaram. Partes do desenvolvimento anterior parecem organizar-se
quase subitamente passando a funcionar de modo fluente e integrado. A
criança não só aprendem novas habilidades motoras – por exemplo, andar
de bicicleta – como, em algum momento, talvez em torno dos nove anos,
exerce-as muito à vontade: habilidade “estalou”, tornou-se automática e
estabelecida, uma ação não deliberada sem exigir qualquer espaço ou
concentração. A função da linguagem, da mesma forma, desenvolve-se
melhor, e a criança torna-se mais capaz de pensar abstratamente. E, além
disso, maturações fisiológicas são alcançadas nesta época.”
No
que se refere ao desenvolvimento da personalidade tem-se como
característica da criança em idade escolar, a capacidade para o
pensamento, memória, fala e conceptualização é muito maior, é nesse
estágio que certos conceitos de inevitabilidade se tornam estabelecidos
As
manifestações comportamentais ocorridas durante o período de latência
são alterações psicossexuais e psicossociais são modificadas por fatores
culturais.
No período das relações com os companheiros, nos anos
escolares, as amizades são estabelecidas, caracteristicamente com
pessoas do mesmo sexo.
Com relação ao desenvolvimento social, a
criança também se conscientiza, nesse momento, de que existe hora para o
brinquedo e hora para o que vai sendo, progressivamente, chamado de
trabalho.
Considerações FinaisEducar é, antes de tudo, um
ato de interioridade. É inclinar o homem para que leia dentro de si. É
um apelo ao desabrochar do ser.
Educar significa realizar o homem em
sua natureza autêntica, na integridade de suas verdadeiras
possibilidade, em seu destino e plano de vida. O homem é pessoa e deve
ser conduzido com toda a dignidade de pessoa, sem enxertos de outras que
querem impor e fazer valer a sua pessoa no outro, distorcendo-o e
despersonalizando-o. Educar é um processo individual e social de
transformação perene das capacidades em habilidades, da ignorância ao
conhecimento, dos impulsos aos ideais, do não ser ao ser atual.
Embora
se possa saber como, quando e onde intervir e que essa intervenção
produz mudanças, sabe-se também que tais mudanças não dependem apenas
das ações pedagógicas. As atitudes dos jovens não dependem unicamente da
ação da escola, mas tem intrincadas implicações de natureza tanto
psicológica quanto social, nas relações de vida familiar e comunitária.
A
grande tarefa da educação é recriar novos valores sublimes que
mobilizem o homem a redefinir-se mais profundamente, a levar o homem a
reencontrar-se em sua identidade autêntica como ser mais dimensionado.
Todas as dimensões humanas são essencialmente convergentes e
unificadoras.
Nos valores nobres do homem se encontra
primeiramente a si mesmo, em sua profunda interioridade e dignidade.
Depois, irradia-se circularmente na comunhão com o outro, seu próximo,
por um humanismo plenificador e, por fim, transcende verticalmente para o
sumo bem, único fundamento perene de todos os valores, direitos e
deveres, plenitude e felicidade.
Ainda que vivendo num universo de
transformação, em que apenas a lei da mudança parece não mudar,
acreditei convictamente na capacidade de cada um em construir-se e
reestruturar-se neste seu processo normal de criatividade.
Somos uma mina inexaurível de plenitudes, uma fonte de necessidades em busca do desabrochamento total de nossa humanidade.
Encontrar-se
com a própria identidade e aceitar-se no que se é, a fim de tornar-se
no que se pode e deve ser, na autenticidade da própria natureza, sempre
será o princípio fundamental de partida de nossa formação e realização
global.
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